pinga

Hoje, no sítio onde estou, a chuva pinga com força!
Garanto, se, neste momento, estivesse noutro sítio, a chuva não pingava com tanta força.
Seria óbvio isto, se estivesse a falar de um sítio longínquo, onde a chuva não cai agora.
Mas não.
Se eu estivesse mais abaixo, exactamente neste mesmo local onde cai tanta chuva, ela não pingava assim.
É que, no andar mais alto do edifício, com a água a bater forte aos meus ouvidos, sinto a força - potente - desta queda de pingos, uns atrás dos outros.
E vejo-a exactamente cair, sem me molhar. Pingos gordos, rechonchudos a tombar de um cinzento lá em cima.
Não é o céu que está cinzento. O céu é azul, nunca é cinzento. As nuvens é que são cinzentas, quando chove assim.
E gosto.
Este é um daqueles momentos em que, sem pressas, calmamente, penso que sou muito grata por estar a viver a minha vida, com pingos a cair e eu a ver e a ouvir.

[Acho que estávamos todos com saudades de chuva.
Go figure!]