O Algodão...

... não quer enganar.
E não se quer enganar, sobretudo, a ela própria.

Cresci com uma educação, não direi rigorosa, mas muito controlada - exterior e interiormente - e a ideia básica foi sempre ser "uma boa menina".
Hoje, a menina já se foi. Nunca tinha aprendido que "a boa menina" também tem "maus" sentimentos e vícios!
Em fase adulta, sobraram muitos e variados restos desse controlo. Na ausência de quem tomasse conta dos meus pensamentos, acções, instintos, desejos (porque deixei de permitir), tenho sido eu o meu próprio carrasco.
E apercebo-me que cheguei a um ponto limite.

Já chega de viver a vida em esforço! É preciso aprender a lidar com a minha parte mais má, com os lixos emocionais e toda a tralha que vem agarrada.
Agora vem a parte mais difícil: sinto que sou demasiadas vezes rancorosa e vingativa. Acho que me falta aquela coisa que me ensinaram do perdão e do amor pelos outros.
Ah! Pois, porque também me sinto egoísta!
Primeiro estou eu, mas normalmente não ajo de acordo com isso. Sinto o que sinto, seja lá o que for, e se a minha censura interior não o permitir, lá estou eu a questionar se devo ou não agir.
Fica tudo cá dentro a remoer - sendo eu explosiva, tantas vezes, esforço-me por controlar isso.

Só que agora, não me apetece controlar. Na verdade, para ser honesta, nunca me apeteceu e sempre tentei controlar-me em situações de vida que chegaram a durar anos, quando eu mesma já me retraía e não via bom futuro no que estava a viver.
Está bem de ver, claro, chega um momento em que sai uma explosão emocional brutal que leva tudo à frente, mexe com a minha vida e com a dos outros, magoa pessoas, enfim.
Lá se vai a "boa menina"!

Neste preciso momento, estou farta de ser "boazinha" e estou a viver, claramente, em esforço.
Não sei como lidar com isto!