Sentada no puff...
... escuto o silêncio do clube, quase vazio. É de dia e o clube enche à noite.
Mas à noite, saio do clube, porque não me apetece o ruído. Saio e vou até casa, onde nem sempre tenho silêncio, também.
E apetece-me fugir, sei lá para onde.
Ao sentar-me no puff, o meu corpo cai pesado na sensação fofa das bolinhas de esferovite.
E, de repente, fico quente. Quase adormeço.
Oiço as senhoras a limpar os estragos que os clientes fizeram no clube, a noite passada.
Ainda mantenho a bola de espelhos presa ao tecto. E roda, com um sistema automático que a mantém sempre a funcionar. Decidi não a desligar, agora. Passam por mim pequenos raios de luz. Os reflexos dos projectores.
Mantenho os olhos entreabertos, quase como se eu não estivesse aqui.
O resto do clube permanece semi-escuro.
Sabe-me bem.
Hoje, vou ficar por qui mais tempo.
Sentada no puff.
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