Circule pela direita!

Há avisos em todo o lado! Agora, no Natal e no fim de ano, mais avisos.
Circule pela direita!

Aqui a je tem a carta há 20 anos e lembro-me que essa era uma das regras. Circular à direita, mesmo que a estrada tivesse mais de uma via. Encostar à direita, para que possamos ser ultrapassados, quando é caso disso.
Portugal é um caso à parte. Por aqui, circula-se... nas vias todas, não interessa se os condutores estão na via direita, se na central ou na esquerda. E todos à mesma velocidade! Pasta-se... portanto.
Aqui há uns anos, ia eu a conduzir a minha "bomba" utilitária (pequenina, para caber nos estacionamentos em Lisboa e porque não há dinheiro para mais), na Avenida da Índia, para a Marginal em direcção a Cascais. Era Domingo, talvez nove horas da manhã... por aí. Trânsito calmo, tudo tranquilo, típico Domingo de manhã. Há duas vias, certo? Duas vias para cada lado.

Vou na via direita, tenho dois carros à minha frente que vão mais devagar que eu; pisca da esquerda e ultrapasso, calmamente. Fico na via da esquerda. À minha frente, uma bomba "bomba", um Mercedes... a pastar, na via esquerda. Faço sinal de luzes para ele se encostar à direita. Nada. Dou um toque na buzina. Nada. Bom, subo às paredes com facilidade, confesso, tipo lagartixa irritada. Se o condutor (era um homem, para o caso de passar por algumas cabeças que fosse uma mulher :o) não saía da frente, depois dos meus "pedidos", era porque não queria. A via direita estava vazia. E não se ultrapassa pela direita, a não ser em raras excepções que nós, condutores, conhecemos. Então, não ultrapasso pela direita. Já eu subia pela parede, lagartixa furiosa, colo a mão na buzina, ininterruptamente. E... nada.
Ok. Já percebi. O "pastor" do Mercedes queria que eu passasse pela direita. Não passo. Mão colada na buzina, toda a gente a olhar para nós: um Mercedes em marcha lenta na via esquerda, via direita livre e a minha "lata" utilitária atrás, de corneta aos berros... que chatice! Encosta, meu! E nada.
Atrás de mim, com mais pressa vem outra bomba "bomba". Um Porsche Carrera. Ok. Ele faz-me sinal de luzes e eu encosto para a via direita. Sempre quero ver o que faz o "pastor" do Mercedes. Olha! Encostou também! À direita!!!
Acelero, pisca da esquerda e tento ultrapassá-lo. E ele acelera também na via direita. Quer dizer ... a minha latita não podia competir com aquela "cavalagem" toda. Então, era um assunto pessoal!!! Era comigo, era com a minha lata e a sua condutora lagartixa, a subir paredes, irritada com o pastanço!
Epá! Subiu-me a gosma, acelero, o tipo do Mercedes acelera ainda mais, passa para a via esquerda, mesmo à minha frente, sem pisca, sem nada ... e trava a fundo!!!!
Bendita adrenalina! Parecia a Joana Lemos dos utilitários! Reduzo, travo, e o "pastor" continua nesta situação, acelera, trava, acelera, trava... a ver se eu lhe batia por trás.
Ai o caraças!
Passo para a via direita (já lhe conhecia o raciocínio), ele passa também à minha frente, claro! Só que ele não viu que tinha um camião devagar, mais à frente. Aqui a lagartixa, que já só me faltava saltar a tampa, olha pelo retrovisor, não vem ninguém na esquerda. Deixo o carro reduzir... puxo uma segunda ao máximo, colo-me à traseira do Mercedão, passo para a esquerda e fico ao lado dele, terceira a puxar (coitada da minha lata!) e ele não podia acelerar, porque tinha o camião à frente e se tentasse ultrapassá-lo, batia em mim!
Ah!! Agora sim!! Bate lá!!
Azarucho! Já vinham mais na esquerda atrás de mim. Foi sempre a andar... e o coitado do "pastor" não podia ultrapassar o caracol do camião.
Lembro-me de, ao passar por ele, olhar pelo canto do olho. Furioso, um senhor cinquentão, com a esposa ao lado, de janela aberta, a gritar qualquer coisa na direcção do meu carro. Bom, jamais saberei que delicadezas me eram dirigidas. Levava os meus vidros fechados. Mas o amigo que ia comigo, no "lugar do morto" ria à gargalhada.
E eu, já menos lagartixa, empinei o nariz (é fácil, já tenho o nariz arrebitado de nascença) e sigo caminho na minha lata utilitária, para uma manhã de Domingo relaxada!
Relaxada... puxa!

Circule pela direita, irra!!!

[Confesso que senti uma saudadezita da civilidade dos britânicos que, nas escadas rolantes do metro têm avisos por todo o lado "Stand on the right" e, se não te colocas à direita, nas escadas, levas uns bons encontrões dos que vão com pressa, sempre com um "Excuse me" na boca. Educados, por causa do "excuse me", não vale de nada saltar-nos a tampa, porque eles apontam para o sinal "please, stand on the right"... e nós... ah! ok!]

abstenção, não!!

Não me lembro de ver a questão da despenalização do aborto tão acesa como neste referendo. Aliás, aqui no Clube foi abordada há pouco tempo.

Quanto mais informados achamos que estamos, porque estão mais acessíveis muitas fontes de informação, mais manipuláveis e desinformados nos permitimos estar.
Li que, segundo declarações do Presidente da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental, Adriano Vaz Serra, pelo menos 14% das mulheres que abortaram, sofreram de stress pós-traumático.

Ora eu, cidadã, quero saber de onde vieram estes números e o que significa este "pelo menos". De Portugal não foi, porque o aborto é ilegal no nosso país, portanto, números ou estatísticas podem ser facilmente subvertidos.

Então, estes números só podem vir de outros países... Estados Unidos, talvez? E desde quando, a qualquer nível os Estados Unidos são exemplo para alguém? Porquê ir buscar estatísticas que convêm tanto a alguns?
Porque deve estar muito próxima uma mudança qualquer.

Os que são a favor do "não" parecem-me assustados. Isso é claro! Promovem acções de "informação", muitas delas subtis outras mais evidentes, tomam iniciativas várias. Estão assustados. E porquê? Porque se assustam?
Primeiro, penso que estas pessoas acreditam piamente que despenalizar o aborto vai torná-lo mais frequente. Depois, porque, quem sabe, um dia, uma das suas filhas ou mulheres poderá precisar de fazer um aborto... e assim, constará das estatísticas oficiais. E aborto é coisa para se esconder em certas famílias, não é?

Despenalizar o aborto não obriga ninguém a fazê-lo e também não o vai facilitar. Todos conhecemos alguma mulher que já fez um aborto. Todos sabemos que nunca é uma decisão fácil, nem é tomada de cabeça leve. Despenalizá-lo não vai facilitar esta mesma decisão. Perguntem a qualquer mulher, que tenha abortado ou não.
Por outro lado, e isto é muito importante, o aborto não pode, não deve ser um método estranhamente contraceptivo. Conheço uma mulher, que está agora na casa dos 60 anos, casada há mais de 25 anos, que fez 11 abortos. 11!!! Ao longo de uma vida conjugal de mais de duas décadas, esta família - porque estas 11 decisões foram consensuais com o marido - optou por este tão estranho método contraceptivo! É preciso garantir que isto não suceda, precisamente, com o aborto despenalizado.
Este é o ponto de equilíbrio que falta estabelecer.

Continuo a achar que fazer um aborto é tirar uma vida! Claro que conheço mais mulheres que fizeram abortos. Será que alguém pensa que essa decisão é fácil? Será que os que apoiam o "não" pensam que despenalizar vai tornar esta decisão mais fácil?
Num casamento, em que o casal engravida, tomar conhecimento da gravidez é fácil?
Quer dizer, em geral, uma gravidez, todos sabemos, muda completamente as nossas vidas. Uma gravidez pode vir carregada de felicidade e alegria ... ou não, mesmo num casamento.
Já agora, qual é a percentagem, em Portugal, de mulheres que sofrem de depressão pós-parto?

Sim, abortar é matar um ser vivo. Isto é um facto irrefutável para mim.
Porém, se não o despenalizarmos, nunca saberemos quantas famílias o fazem, como, quando e porquê.
Atrás desta questão, está outra, igualmente importante e que nos faz ponderar muitas vezes. Uma questão profundamente enraizada no nosso inconsciente colectivo e social: a sexualidade. Em geral, uma sexualidade pouco sadia, retraída, castrada. Daqui até aos "processos criminais tipo Casa Pia" vai um passo.

Vai tudo dar à mesma coisa. Sexualidade! Homens, mulheres, seres humanos, sociedade... vida e morte.

Pessoalmente, eu digo não à abstenção!

ganham pouco, ganham...

Declarações, esta manhã, num jornal diário, de alguém que faz parte de um Sindicato qualquer ligado aos jogadores de futebol: " os jogadores ganham pouco." (!!!)

Que jogadores? "Pouco"??? Segundo o jornal, há jogadores que ganham menos de 2000 Euros!!!
Menos de 2000 Euros pode ser muita coisa... realmente...

Mas agora, pergunto... quantos homens do lixo ganham 2000 Euros?
Quantas empregadas da limpeza ganham 2000 Euros?
Quantos empregados que trabalham nas caixas dos supermercados ganham 2000 Euros?

Que faria a nossa sociedade sem homens do lixo? Sem os empregados camarários que nos limpam as ruas? Ganham esses homens 2000 Euros?
E agora, ainda pergunto, para que servem, na nossa sociedade, os jogadores de futebol? Se o futebol deixasse de existir, que repercussões teria na nossa vida diária?

Portanto, meus senhores, acabem com o futebol profissional. E que todos os jogadores de futebol, nacionais ou internacionais ganhem apenas aquilo que valem - o ordenado mínimo nacional!
Há atletas de outras áreas que merecem mais, pelo esforço, pelo comportamento desportivo que têm, pela menor exposição, por serem mais atletas e menos "artistas".

Aumentem os ordenados dos homens que nos limpam as ruas, que nos edificam pontes, estradas e edifícios. Esses, sim, são essenciais para a nossa sociedade. E sem eles... que seria de nós?